terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Dados, fatos e achismos: o uso de analytics na Saúde

Foto: Heloísa Ximenes


Por Libânia Paes

No Gartner ITXpo 2011, o mais importante congresso de Tecnologia de Informação do mundo, o tema mais discutido não foi o uso de computação em nuvem ou o aumento das redes sociais: foi o uso de analytics nas organizações.

Para resumir o que significa analytics, pense no seguinte cenário: há alguns anos, reclamávamos que era muito caro ou difícil coletar e analisar dados sobre nossos clientes, fornecedores e competidores. Por isso, não conseguíamos tomar decisões com base em dados e fatos. Hoje, com toda a tecnologia existente, essa desculpa não cola mais: temos os dados e a tecnologia para analisá-los. Então, por que ainda gerenciamos nossas organizações com base no “achismo”? Faltam análise e uso desses dados. Falta analytics.

A Saúde sempre foi um negócio dependente de informação. Os pacientes são diagnosticados e tratados com base em números, textos e imagens. As operadoras auditam os serviços descritos e pagam os prestadores de serviços. Campanhas de vacinação são planejadas com base na incidência ou prevalência de determinada doença na população.

Usamos tantos dados diariamente que não nos damos conta do tamanho da infraestrutura necessária para acessá-los e transmiti-los. Muito desse alicerce está relacionado ao uso da Tecnologia de Informação – TI. Entretanto, se avaliarmos o poder que essa tecnologia possui hoje, veremos que aproveitamos muito pouco de sua capacidade para realmente gerar valor para os negócios.

Explico melhor. Na maior parte das organizações de Saúde, a análise dos dados existentes é feita ainda de forma muito superficial. Na prática, elaboramos estudos que poderíamos fazer há mais de 20 anos, sem computadores modernos ou acesso à internet. Teríamos mais trabalho “braçal”, mas chegaríamos aos mesmos resultados.

Tomemos como exemplos os principais indicadores hospitalares comumente publicados. São os de sempre: taxa de ocupação, média de permanência, taxa de mortalidade pós-operatória, relação funcionário por leito. Utilizamos esses mesmos números para gerenciar nossas organizações. Na prática, o que sua análise resolve? Que decisões justificamos com esses números?

A famosa taxa “ideal” de ocupação, de 85%, presente em inúmeros artigos e textos sobre o assunto, é realmente a melhor situação para um hospital? A resposta é sim apenas para um determinado perfil de hospital. Um estabelecimento de pacientes crônicos, por exemplo, pode apresentar excelentes resultados com uma taxa de 90%. Afinal, o “respiro” dos 10% serve para os períodos de manutenção dos leitos e/ou sua inatividade, já que sua rotatividade é menor do que nos demais hospitais.

Com este exemplo, procure analisar qual é a taxa realmente ideal de funcionamento de sua organização. Reflita sobre as variáveis que influenciam neste cálculo. Além do tipo de hospital, a especialidade também influencia? Ou a complexidade dos casos? E, cá entre nós, o que você está chamando de “ideal”? Um valor suficiente para dar lucro? Ou você está calculando de acordo com os recursos que tem? Ou seja, se chegar a 100%, sua organização implode?

Raramente vemos nossos profissionais levantarem este tipo de questão. Raramente buscamos enxergar além do óbvio. E não adianta termos dados, dados e dados. Os números, textos, imagens e vídeos estão disponíveis. Mas o que realmente vai criar valor para a organização é transformá-los em informações. Para isso, precisamos de conhecimento sobre nosso negócio e, claro, de uma mãozinha da tecnologia – afinal, ninguém tem muito tempo para fazer contas à mão. É apenas com o uso desse conhecimento; dessa análise cuidadosa sobre nosso ambiente de trabalho que conseguiremos tomar decisões nas organizações sem apelar para o “achismo”.

Qual foi a última vez que você usou o “achismo” para tomar uma decisão estratégica na gestão de sua empresa? Como poderia ter buscado dados e fatos para isso?


Humanização empresarial – realidade ou conto de fadas? A Ginástica Laboral é uma tendência forte e inevitável.


Por Genésio Korbes

Observando a evolução da gestão empresarial, pergunto-me com alguma frequência: humanização no ambiente corporativo existe mesmo ou é pura ficção? O que me leva à outra questão: a empresa é humanizada ou são as pessoas que praticam o conceito de humanização?           A conclusão é que a primeira afirmação passa a ser verdadeira na medida em que as pessoas que nela atuam têm a humanização como norteador de todas as ações.

Em hospitais, segundo a SCRIBD, entende-se como humanização a valorização dos diferentes sujeitos implicados no processo de produção de saúde, com ênfase à autonomia e ao protagonismo desses sujeitos, atividades globais naturais , ginástica, massagem, recreação, liberdade de pensar e mover-se. Na minha compreensão, isso engloba os comportamentos, atitudes, posturas e decisões que tomamos em prol daqueles que atendemos.

Logo, parece-me que a humanização caracteriza a forma como fazemos a atendimento acontecer. Por exemplo, o que significa colocar o paciente em primeiro lugar se não tê-lo no centro das atenções, tratá-lo com dignidade e proporcionar-lhe total privacidade, com resolutividade e agilidade, de forma absolutamente segura?

Em outra linha de pensamento, defendida por Gary Hamel, um dos principais especialistas em gestão do mundo atual, humanização poderia ser compreendida como a prática da “responsabilidade reversa”, colocando em primeiro lugar não o paciente, e sim o funcionário ( laboral). Também faz todo o sentido e, para que isso aconteça, cada colaborador deve ser tratado com respeito, ouvido e valorizado; a organização deve assegurar a todos informações corretas e abrangentes para que tenham segurança e conforto para atingir resultados com qualidade, competência, ética e maturidade.

Uma terceira vertente estabelece uma conexão direta entre humanização e espiritualidade nos negócios. Veja bem, espiritualidade, e não religiosidade. Na visão do intelectual Jair Moggi, em depoimento à revista HSM Management, é preciso valorizar o conceito de visual espiritual nas organizações. Ele vai além, explicando que “o espiritual está naquilo que é imaterial para a empresa (…) porque está inscrito na essência das pessoas, como idéias, valores, símbolos, conhecimento…”. Para Moggi, “o espiritual, que também pode ser definido como o impalpável, o simbólico, o tipicamente humano, é o que predominará nas próximas décadas”. Qualquer semelhança com o conceito de humanização não é mera coincidência.

No que diz respeito ao líder mais empresarial mais espiritualizado, ou, se preferimos, humanizado, trata-se de um profissional que: tem um processo contínuo de autodesenvolvimento de competências e habilidades; é sensato ao fazer sua auto-avaliação; sabe aproveitar sua experiência de maneira criativa; tem uma perspectiva real de tempo; sabe quais são e “persegue” suas prioridades pessoais; e, acima de tudo, tem profundo amor pelas pessoas.

Para transformar este discurso em prática, são necessárias ações concretas. A principal delas é uma mudança de Visão – assim mesmo, com ‘V’ maiúsculo, uma vez que trata de um dos componentes do conjunto cultural do hospital, que ainda deve ter claros sua Missão e seus Valores. Isso se inicia pela liderança maior, o “número um” da organização e concretiza-se na forma de um modelo de gestão empresarial profissional, sem amadorismo ou “achismos”, com o envolvimento e compromisso de todos, sustentável econômica e financeiramente e com o foco na segurança do paciente e das equipes médicas e multiprofissionais.

Sustentabilidade tem tudo a ver com humanização e ser sustentável econômica e financeiramente, gerando recursos a serem reinvestidos no negócio, não é pecado e nem atrapalha a prática médica humanizada. Sem dinheiro em caixa, não tem paciente, medicamento, exame, equipamento e honorário médico. Simples assim.

Ser sustentável socialmente também é vital, pois, se o clima organizacional estiver deteriorado e reinarem a falta de respeito e a indisciplina, não há tentativa de humanização que resista. Isso sem falar na responsabilidade ambiental, com o correto manejo de recursos e a destinação adequada dos efluentes e resíduos produzidos pelo hospital.

Estou certo de que as organizações, em especial na área de saúde, terão uma compreensão ainda maior de suas responsabilidades quanto maior for seu foco na gestão empresarial fundamentada na sustentabilidade e na humanização. Não se resolve novos problemas com velhos princípios.

É preciso inovar na gestão. Lembre-se um ambiente melhor com pessoas, melhores, bem fisicamente e mentalmente é um ambiente mais produtivo e com menos erros. Mais lucro em todos os sentidos.

Principais Benefícios
Maior Produtividade
Diminuição das Despesas Médicas
Melhoria da Qualidade de Vida no Trabalho
Diminuição da Incidência de Acidentes no Trabalho
Melhoria das Relações Humanas no Trabalho
Prevenção das Doenças Ocupacionais
Diminuição do Índice de Absenteísmo
Melhor Imagem da Empresa perante o Mercado e Seus Colaboradores
Maior Motivação para o Trabalho
Melhoria na Aptidão para a realização de suas Tarefas
Melhoria da Auto Estima
Promoção do Bem Estar Físico, Mental e Social
Momento de Relaxamento e Descontração
Melhoria na Interação do Ambiente de Trabalho
Diminuição do Estresse
Redução do Desgaste Físico e das Tensões Musculares



domingo, 26 de fevereiro de 2012

Aposentadoria Especial - STJ reconhece tempo especial após 1998.


Fique de
Para não ficar de fora!



STJ - Conversão de tempo especial após 98 favorece aposentadoria

A Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ) definiu que o tempo de serviço exercido em atividades especiais pode ser contado com aumento, mesmo após maio de 1998, para fins de aposentadoria comum. Com esse entendimento, foi rejeitado recurso do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) contra decisão do Tribunal Federal da 1ª Região, que havia reconhecido o direito de um beneficiário da previdência à aposentadoria integral por tempo de contribuição.
O caso foi tratado no regime dos recursos repetitivos, previsto no artigo 543-C do Código de Processo Civil, e vai servir de parâmetro para a solução de outros processos semelhantes que foram sobrestados nos tribunais de segunda instância e no próprio STJ.
A decisão da Terceira Seção seguiu posicionamento anterior da Quinta Turma e mudou a jurisprudência do tribunal. Antes, era entendimento no STJ que a conversão do tempo de serviço especial em comum só era possível em relação às atividades exercidas até 28 de maio de 1998.
No julgamento do Recurso Especial 956.110, de São Paulo, a Quinta Turma entendeu que permanece a possibilidade de conversão após 1998, pois a partir da última reedição da Medida Provisória n. 1.663, parcialmente convertida na Lei n. 9.711/1998, a norma tornou-se definitiva sem a parte do texto que revogava o parágrafo quinto do artigo 57 da Lei n. 8.213/1991.
Naquele julgamento, ficou consignado que "o trabalhador que tenha exercido atividades em condições especiais, mesmo que posteriores a maio de 1998, tem direito adquirido, protegido constitucionalmente, à conversão do tempo de serviço, de forma majorada, para fins de aposentadoria comum".
Diante disso, o relator do recurso julgado na Terceira Seção, ministro Jorge Mussi, considerou que é "cabível a concessão do tempo de serviço especial em comum após 1998, desde que comprovado o exercício de atividade especial".

Fator de conversão
Outra questão analisada pela Terceira Seção foi o fator de conversão aplicável ao tempo em que o trabalhador desempenhou atividades especiais. De acordo com o ministro Mussi, a Lei de Benefícios garante ao segurado o direito de somar os períodos em que trabalhou sob exposição a agentes nocivos - químicos, físicos ou biológicos - ao tempo de trabalho exercido em atividade comum, a fim de completar o tempo de contribuição exigido para a aposentadoria.
"Dessa forma, para cada ano de trabalho exercido sob condições prejudiciais à saúde ou à integridade física, aplica-se um fator de conversão, o qual varia conforme a atividade e o tempo mínimo exigido para a aposentadoria especial (15, 20 ou 25 anos). A questão está em saber qual o fator a ser adotado na conversão para fins de aposentadoria comum: se o fator da época da prestação de serviço ou da data do requerimento administrativo", explicou o relator.
O ministro analisou a matéria considerando, principalmente, a alteração feita pelo Decreto n. 4.827/2003 no Regulamento da Previdência Social (atual Decreto n. 3.048/1999). "O entendimento assente nos tribunais" - disse o ministro - "tem sido o de que a comprovação do tempo de atividade especial rege-se pela legislação em vigor na ocasião em que efetivamente exercida. Em 2003, essa compreensão jurisprudencial foi incluída no texto do próprio Regulamento da Previdência em razão da modificação trazida pelo Decreto n. 4.827."
Foi incluída também a determinação de que "as regras de conversão de tempo de atividade sob condições especiais em tempo de atividade comum aplicam-se ao trabalho prestado em qualquer período". Segundo o ministro Mussi, "a adoção deste ou daquele fator de conversão depende, tão somente, do tempo de contribuição total exigido em lei para a aposentadoria integral, ou seja, deve corresponder ao valor tomado como parâmetro, numa relação de proporcionalidade, o que corresponde a um mero cálculo matemático".
O fator de conversão, segundo o relator, é apenas o resultado da divisão do número máximo de tempo comum (35 anos para homem e 30 para mulher) pelo número máximo de tempo especial (15, 20 e 25). "Ou seja, o fator a ser aplicado ao tempo especial laborado pelo homem para convertê-lo em comum será 1,40, pois 35/25=1,40. Se o tempo for trabalhado por uma mulher, o fator será de 1,20, pois 30/25=1,20. Se o tempo especial for de 15 ou 20 anos, a regra será a mesma. Trata-se de regra matemática pura e simples e não de regra previdenciária", esclareceu o ministro.





O protetor não afasta o direito ao benefício por exposição ao ruído.


A aposentadoria especial, em virtude da exposição ocupacional ao ruído, há muito tempo gera dúvidas e controvérsias em sua caracterização. O primeiro diploma legal a tratar sobre o tema foi o Decreto 53.831/64, que adotou o limite de 80 Db (decibéis), porém, não mencionou o tempo de exposição e a ponderação nas frequências a ser utilizada. Depois, foi editado o Decreto 83.080/79, que alterou o limite para 90 dB, também sem mencionar a curva de ponderação e o período de tempo. O aumento foi bastante significativo, visto que a dose de ruído correspondente a 90 dB(A) é oito vezes maior que 80 dB(A). Todavia, como o segundo decreto não revogou expressamente o primeiro, o limite de 80 Db(A) permaneceu vigente até 5 de março de 1997, havendo, desse modo, dois limites de tolerância para ruído.
Em 1997, com a publicação do Decreto nº 2.172/97, os Anexos I e II do Regulamento de Benefícios da Previdência Social (RBPs), aprovados pelo Decreto nº 83.080, de 24 de janeiro de 1979, foram então revogados. Atualmente, o limite de exposição ao ruído permitido é de 85 dB(A), conforme determinava o  Decreto nº 4.882, de 18 de novembro de 2003, que deu nova redação ao Anexo IV do Decreto 3048/99.
A Instrução Normativa vigente (IN- 45 de 11 de agosto de 2010) determina o procedimento de enquadramento da aposentadoria especial por ruído de acordo com o período em que o trabalho foi prestado, conforme o Quadro 1, Enquadramento por período.
No mesmo sentido, a Súmula 32 da Turma Nacional de Uniformização da Jurisprudência dos Juizados Especiais Federais (TNU), firmou o seguinte entendimento para fins de conversão do tempo especial para o comum: "O tempo de trabalho laborado com exposição a ruído é considerado especial, para fins de conversão em comum, nos seguintes níveis: superior a 80 decibéis, na vigência do Decreto 53.831/64; superior a 90 decibéis, a partir de 5 de março de 1997, na vigência do Decreto 2.172/97; superior a 85 decibéis, a partir da edição do Decreto 4.882, de 18 de novembro de 2003".
Como os limites variam ao longo do tempo, é necessário analisar a exposição ao ruído durante cada período trabalhado, para que se possa determinar se a atividade exercida deve ser considerada como especial para efeito de concessão de aposentadoria.


Equipamento de proteção não pode ser de uso coletivo


A Turma Recursal de Juiz de Fora condenou empresa ao pagamento de adicional de insalubridade por não ter fornecido equipamento de segurança de maneira adequada e prevista em lei. O equipamento de proteção a ser fornecido pelo empregador aos empregados deve ser individual, caso contrário, a empresa deverá arcar com o pagamento de adicional de insalubridade. Foi o que ocorreu com a reclamada, que fornecia blusões e calças para uso coletivo dos empregados que trabalhavam no interior de uma câmara frigorífica.
A empresa alegou que não está obrigada a fornecer o equipamento de maneira individualizada porque a exigência é de que o equipamento disponibilizado seja usado por uma pessoa de cada vez e não que cada trabalhador tenha seu próprio equipamento.
Ocorre que, mesmo com os equipamentos coletivos distribuídos pela reclamada, a perícia constatou que não houve neutralização da insalubridade além do que, não havia equipamento em número suficiente para todos os membros da equipe e faltavam luvas e sapatos especiais para o uso em câmaras frias. Assim, ficou demonstrado que a reclamada não fornecia os EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) da maneira como dispõe a NR - 9 (Programa de Prevenção de Riscos Ambientais).
Para o desembargador Heriberto de Castro, muito embora o julgador não seja obrigado a adotar as conclusões do laudo pericial, ele também não pode ignorá-lo quando correto, pois, como manda a boa hermenêutica, a decisão deve estar em sintonia com a prova pericial, se essa não estiver em contradição com outros elementos e provas existentes nos autos.
Assim, a Turma Recursal de Juiz de Fora confirmou a sentença, concedendo ao reclamante o direito ao recebimento de adicional de insalubridade no grau médio, conforme conclusão do laudo técnico.

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Como estamos ensinando nossas crianças?


Por Vanessa da Silva Moraes,
oficial da Infância e Juventude da comarca de Seara (SC).

Se você fosse à casa de um amigo e seu filho quebrasse um vaso de cristal valiosíssimo, o que faria? Pediria desculpas ao seu amigo e se proporia a pagar pelo prejuízo, ou recomendaria que seu filho escondesse os cacos embaixo do tapete e sairia de fininho?

E se, no supermercado, seu filho comesse uma caixa de chocolates suíços dos mais caros do estabelecimento, você diria para ele colocar a caixa no carrinho para pagar na saída, ou mandaria ele colocá-la numa lixeira e fazer de conta que não sabe de nada?

Mas e se seu filho de 14 anos atropelasse uma criança de três anos na beira da praia com um jet ski que ele não tem autorização para guiar, o que você faria? Explicaria para ele que todos os nossos atos têm consequências e que precisamos responder por eles, voltaria ao local e prestaria socorro à vítima, ou faria as malas rapidamente e fugiria do
local?

Quem acompanha os noticiários deve ter ficado sabendo sobre o “acidente” ocorrido nas areias de Bertioga (SP) no ultimo dia 18, que resultou na morte da pequena Grazielly Almeida, de apenas três anos de idade. Um adolescente de 14 anos pilotava sozinho um jet ski quando perdeu o controle do veículo, atropelando a menina, que  já chegou sem vida ao hospital.

Não pretendo discorrer nesse texto sobre a responsabilização de adolescentes que cometem atos infracionais, tampouco sobre as medidas socioeducativas aplicáveis ao caso. Minha intenção é iniciar um debate sobre como os pais estão exercendo as suas funções de educadores e de formadores de cidadãos.

Pode parecer ridículo comparar a morte de Grazzielly com um vaso quebrado ou um chocolate comido sem pagar, mas a forma de os pais lidarem com as três situações diz a mesma coisa sobre como nossos filhos estão sendo criados.

Se não sou capaz de ensinar meu filho a pedir desculpa quando quebra algo que não é dele, se não me envolvo com o problema e não o ajudo a resolver, como posso esperar que ele se torne um ser humano de verdade, capaz de viver em sociedade? Que tipo de mãe eu seria se ensinasse meu filho a camuflar seus erros, a esconder o que fez de errado, a não assumir sua culpa?

Atuo como oficial da Infância e Juventude do Poder Judiciário de Santa Catarina há pouco mais de seis meses e já pude observar que, quando a família não tem bases sólidas, não consegue passar bons ensinamentos para suas crianças e seus adolescentes, não demora até ir buscar socorro junto ao Poder Público, por pura falta de controle dos filhos. Dizem que já não sabem mais o que fazer com eles e exigem de nós uma solução, como se fosse possível tirá-la de dentro do chapéu.

A minha realidade profissional é lidar com crianças e adolescentes de baixa renda, sem pais presentes (muitas vezes só com a mãe por perto), o que não é o caso do adolescente que atropelou Grazziely. No entanto, a omissão na criação dos filhos se manifesta em todas as classes sociais, pois se trata exclusivamente da dificuldade em dizer “não”, de impor limites, de ajudá-los a assumir seus erros, de educar.

E enquanto não começarmos a agir como verdadeiros pais, no sentido de mostrar o caminho certo para nossos filhos, muitos vasos serão quebrados e escondidos, muitos chocolates serão comidos sem ser comprados e muitas Grazzielys pagarão pela nossa omissão.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Justiça do Trabalho aplica convenções da OIT contra conduta antissindical


Postado por Adir de Souza


O TST ( Tribunal Superior do Trabalho) utilizou duas convenções da OIT (Organização Internacional do Trabalho) para condenar empresa por prática antissindical ao demitir um trabalhador que havia participado de greve.


O relator, ministro Vieira de Mello Filho, assinalou que, embora ainda não seja habitual no direito do trabalho, a utilização de normas internacionais ratificadas pelo Congresso Nacional está consagrada e não há dúvidas quanto à sua vigência e eficácia.A 1ª Turma do Tribunal Superior não conheceu de recurso da empresa e manteve decisão do TRT-12 (Tribunal Regional do Trabalho da 12ª Região) (SC) que condenou a companhia a indenizar o ex-empregado com o pagamento em dobro das verbas trabalhistas (salários, férias, 13º salário,entre outros vencimentos.).

O TRT-SC usou como fundamento para a condenação a Lei 9.029/95 e na Convenção 111 da OIT. Os dois dispositivos proíbem práticas discriminatórias nas relações de trabalho.

O ministro Vieira de Mello Filho observou que, sem prejuízo da aplicação da Convenção 111, que trata da discriminação em matéria de emprego e profissão, a questão tratada no processo se refere diretamente a outra norma internacional, a Convenção 98 da OIT, ratificada pelo Decreto Legislativo 49/52, que garante o direito de sindicalização e de negociação coletiva.

"De acordo com o artigo 1º dessa Convenção, todos os trabalhadores devem ser protegidos de atos discriminatórios que atentem contra a liberdade sindical, não só referentes à associação ou direção de entidades sindicais, mas também quanto à participação de atos reivindicatórios ou de manifestação política e ideológica", ressaltou Vieira de Mello.

O autor da ação prestou serviço na Companhia como auxiliar de frigorífico de maio de 2005 a abril de 2007, quando foi demitido por justa causa junto com um grupo de 19 pessoas, afastadas depois de participarem de movimento grevista iniciado por atraso no pagamento de salários.

O juízo da 1ª Vara do Trabalho de Jaraguá do Sul (SC) não acolheu a tese de discriminação defendida pelo trabalhador, mas transformou a dispensa por justa causa em imotivada, garantindo ao trabalhador todos os direitos decorrentes desse tipo de afastamento. A sentença condenou ainda a empresa ao pagamento de indenização por dano moral, no valor de R$ 3 mil, devido às humilhações sofridas pelo trabalhador no processo de demissão, quando teve de sair das dependências da companhia escoltado por seguranças.

O TRT-SC, ao acolher recurso do ex-empregado, acrescentou à condenação a indenização com base no artigo 1º da Lei 9.029/95, que cita especificamente as discriminações por "sexo, origem, raça, cor, estado civil, situação familiar ou idade".  Embora a participação em greve não esteja especificada na lei, o TRT entendeu que, devido aos dispositivos da Constituição que tratam da dignidade da pessoa humana e à Convenção 111 da OIT, que cuida mais diretamente do tema, a norma legal não poderia ser considerada textualmente, devendo abranger também esse tipo de discriminação.

A empresa recorreu ao TST com o argumento de que o Regional extrapolou ao utilizar a lei para combater uma discriminação que não consta nela. A tese, porém, não foi aceita pelo Tribunal Superior.

Para o ministro Vieira de Mello Filho, a decisão do TRT, que aplicou analogicamente a Lei  9.029/95 para punir e coibir o ato antissindical, "revela a plena observação do princípio da liberdade sindical e da não discriminação, em consagração à eficácia plena do artigo 1º da Convenção 98 da OIT, no sentido de promover a proteção adequada contra quaisquer atos atentatórios à liberdade sindical". A decisão foi unânime.

              

Terminou o prazo dos empregadores, para adequação ao anexo 3 da NR 32


Terminou, em 1º de janeiro, o prazo dado aos empregadores da área da Saúde para adequação ao Anexo 3 da NR 32 (Plano de Prevenção para os Riscos de Acidentes com Materiais Perfurocortantes), em vigor desde o dia 31 de agosto de 2011, oficializado por meio da portaria nº 1.748, de 30 de agosto do mesmo ano. Com isto, todos os empregadores do setor serão obrigados a ter o plano de prevenção para riscos com materiais perfurocortantes devidamente implementado em sua estrutura de trabalho de acordo com as diretrizes previstas pelas Constituição. Está determinada pela lei a obrigatoriedade da capacitação dos trabalhadores sobre a correta utilização do dispositivo de segurança. Caso não cumpram a medida, as empresas poderão ser notificadas, autuadas ou interditadas pela fiscalização, caso seja constatada situação de grave e iminente risco.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Assegurando vidas no trabalho


Rio -  Há algum tempo eu estou engajada na área de segurança e saúde no trabalho. Muito me preocupa saber que, segundo estudo da Organização Internacional do Trabalho, o Brasil ocupa o quarto lugar em relação ao número de mortes. Conta-se 1,3 milhão de acidentes de trabalho por ano, com 2.503 óbitos.

Dentre as principais causas, está o descumprimento de normas básicas de proteção aos funcionários e más condições nos ambientes e processos.

Os dados são tão alarmantes que chamaram a atenção também da esfera política do País, que em 2011 assinou o decreto que regulamenta a Política Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho. O objetivo do decreto é a promoção da saúde, a melhoria da qualidade de vida do trabalhador, a prevenção de acidentes e de danos à saúde relacionados ao trabalho.

Contudo, a solução mais prática para a diminuição dessa estatística está na utilização dos Equipamentos de Proteção Coletiva, que são dispositivos utilizados no ambiente de trabalho com o intuito de proteger os trabalhadores dos riscos inerentes aos processos. Porém, quando as medidas de proteção coletiva não forem viáveis, eficientes e suficientes para a atenuação dos riscos, a medida mais eficaz é a utilização dos Equipamentos de Proteção Individual (EPI). O seu uso adequado protege o trabalhador quando o risco está ligado à função/cargo do mesmo e exposição ao agente.

Por fim, acho importante, também, ressaltar que o uso dos EPIs é uma exigência da legislação trabalhista brasileira através de suas Normas Regulamentadoras. O não-cumprimento da lei acarreta ações de responsabilidade cível e penal, que podem enquadrar tanto a empresa que não o adotar (quando necessário), quanto o funcionário que recusa o seu uso. A vida não é brincadeira, segurança no trabalho é primordial.

Bianca Alves é diretora do Guia dos Equipamentos de Proteção Individual

Juntos podemos evitar esse absurdo!



Há seis meses, ajudamos as comunidades indígenas a pararem essa rodovia da morte. Agora podemos ajudá-los a vencer novamente se desencadearmos uma onda de apoio maciça para salvar o TIPNIS:




Neste exato momento, o governo da Bolívia está exercendo uma enorme pressão sobre as comunidades indígenas para aprovar a construção de uma mega-rodovia que passará por uma área protegida bem no coração da Amazônia. Mas estas comunidades estão lutando contra isso e nós podemos ajudá-las a resistir.

No ano passado, fizemos nossas vozes serem ouvidas em apoio a essas corajosas comunidades indígenas e juntos forçamos o presidente Morales a assinar uma lei que prometia preservar o parque natural do TIPNIS para sempre. Mas o governo, apoiado pelo Brasil e pelos interesses da poderosa indústria do petróleo internacional e dos produtores de coca, lançou uma contra-ofensiva para derrubar a lei. Agora eles estão tentando conduzir um processo de consulta falho a fim de neutralizar as vozes dos proprietários legítimos da terra e liberar a área para a exploração desenfreada e o desmatamento.

Tudo pelo que as comunidades indígenas lutaram está sob ameaça neste momento, mas eles estão planejando mais uma audaciosa marcha. Se organizarmos um protesto regional maciço, poderemos convencer o presidente Morales e seus aliados brasileiros a repensarem o projeto e criarem uma nova rota para a estrada em torno do parque. Assine a petição para salvar a Amazônia boliviana e, em seguida, divulgue-a para todos. A petição será entregue aos gabinetes de Evo Morales e Dilma Rousseff quando alcançarmos 500.000 assinaturas:


O parque do TIPNIS na Amazônia continua sendo um dos mais preciosos tesouros da América do Sul, famoso por suas árvores majestosas, fauna única e água fresca. Não é de se admirar que lhe tenha sido concedido o estatuto de área duplamente protegida - como Parque Nacional e como reserva indígena. Mas agora o seu futuro está em risco, e sua preservação ou desmatamento por completo dependerá se agirmos agora ou não.

Nos últimos 30 anos, a Bolívia perdeu mais de 5 milhões de hectares de floresta e o TIPNIS pode ser o próximo alvo. Estudos afirmam que se a mega-rodovia for construída, o território protegido desapareceria e mais de 600.000 hectares deixariam de existir em poucos anos. A parte mais assustadora é que 2 segmentos da rodovia estão em seu caminho, e as árvores já estão sendo derrubadas ilegalmente dentro da área protegida.

Povos indígenas locais, detentores do título coletivo de posse do território, têm lutado duramente para proteger seu parque e mantê-lo ileso do desmatamento. No ano passado, eles conquistaram um projeto de lei que declarou o TIPNIS como intocável, mas agora tanto o governo quanto a maioria dominante no Congresso estão usando todos os truques possíveis para implementar um processo de consulta falho, projetado para passar por cima das vozes das comunidades indígenas no TIPNIS e favorecer a minoria, incluindo os produtores de coca, que querem derrubar a floresta e construir a mega-rodovia.

O Brasil, principal financiador e construtor da estrada, disse que consideraria uma rota alternativa por conta das preocupações ambientais e sociais, mas agora está lavando as suas mãos de toda a responsabilidade, permitindo ao governo boliviano demolir a lei de proteção do TIPNIS e violar os direitos constitucionais dos povos indígenas. Mas essas corajosas comunidades estão reagindo e vão tomar as ruas novamente nos próximos dias. Vamos mostrar aos líderes do Brasil e da Bolívia que todos nós desta região apoiamos os indígenas para salvar o TIPNIS. Assine agora e divulgue para todos:

http://www.avaaz.org/po/save_the_bolivian_amazon_es_1/?vl

No ano passado, quase meio milhão de membros da Avaaz de todo o mundo assinaram uma petição apoiando as comunidades do TIPNIS, cujos líderes marcharam durante semanas para se opor ao projeto da mega-rodovia. A nossa mensagem foi manchete, chegou aos principais ministros do governo e, finalmente, nós comemoramos uma vitória surpreendente quando o Parlamento aprovou uma lei para preservar o parque natural. Mas o TIPNIS está em perigo novamente - vamos ajudar a vencer essa batalha de uma vez por todas.

Com esperança,

Luis, Laura, Emma, Ricken, Allison, Diego, Carol e o resto da equipe da Avaaz

Mais informações:

Polêmica por estrada se intensifica na Bolívia (Estadão)


BNDES exige um novo contrato para financiar estrada na Bolívia (Amazonia.org)


Bolívia: indígenas rejeitam diálogo com defensores de estrada (Terra)


TIPNIS, a dor de cabeça de Morales (em espanhol) (El País)


Indígenas bolivianos buscam apoio para nova proposta de defesa da reserva (em espanhol) (ABC Digital)


O TIPNIS já está dividido para a exploração petroleira (em espanhol) (Hidrocarburos Bolivia)



Mortes por amianto geram condenação na Itália


“No Brasil, todo o ciclo produtivo é fechado.
E a cidade onde fica a única mina no Brasil poderia, sem dúvida, fazer o mesmo pedido, relativo aos primeiros anos de mineração.”

“Hoje em dia, toda a extração também obedece regras mais rígidas que a nossa legislação atual.
Sem contar que o tipo de amianto é diferente ao europeu.”

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Mude o estilo de vida


Não espere ficar doente para colocar uma atividade física na sua rotina. Comece já


Graças às novas tecnologias, ficamos acessíveis sete dias por semana. Já não basta responder a um e-mail no mesmo dia, é preciso responder instantaneamente pelo smartphone. O processo de tomada de decisão também ficou mais rápido.

"É necessário decidir com agilidade e precisão. O problema é que o senso de urgência não é compatível com a necessidade de planejamento", diz José Valério Macucci, consultor de carreira de São Paulo e ex-executivo do mercado financeiro. "Precisamos de um novo modelo de gestão.

Enquanto ele não é criado, os profissionais vivem um processo de esgotamento", afirma. A saída é não se tornar refém do modelo vigente. Busque um estilo de vida que respeite sua agenda pessoal e evite a automedicação para remediar o estresse e a ansieade — hábito comum entre os executivos.

Para o psiquiatra Rubens Pitliuk, do Hospital Albert Einstein, não há um excesso no consumo de medicamentos para aliviar a pressão. "O que temos é um excesso de estresse", diz. Segundo o médico, o uso de remédios é bem-vindo e pode evitar outras doenças decorrentes da ansiedade. "É melhor o indivíduo recorrer a um remédio do que desenvolver uma gastrite ou ter um infarto."

Porém, alguns especialistas alertam que o uso de drogas prescritas é apenas um paliativo. "Se não houver mudanças no estilo de vida, o problema vai continuar ali", diz Alberto Ogata, da Associação Brasileira de Qualidade de Vida.

Para ele, se a origem do estresse não for tratada, abre-se espaço para outros problemas de saúde. "O que está por trás da insônia e da ansiedade não é uma mera agitação, mas a pressão mal administrada", diz Ogata.

O custo humano de um iPad




Postado por Andreia, Blog Desmistificador. 



"Em sete meses, duas explosões mataram quatro pessoas e feriram 77 nas fábricas de iPad na China; para atender demanda, funcionários trabalham sete dias por semana






(The New York Times)






A explosão abalou o edifício A5 na noite de uma sexta-feira de maio passado, trazendo consigo fogo e o ruído de tubos de metal retorcidos e atirados ao ar como se fossem palha.


Quando os trabalhadores correram para fora do refeitório, eles viram uma fumaça preta saindo das janelas quebradas. Ela saia da área onde milhares de funcionários diariamente poliam milhares de capas para iPad.


Duas pessoas morreram imediatamente e dezenas ficaram feridos. À medida que os feridos eram levados em ambulâncias, um deles se destacou. Suas feições haviam sido manchadas pela explosão, pelo calor e pela violência da explosão de tal maneira que seu nariz e boca foram substituídos por uma massa vermelha e preta.



Fábrica da Foxconn que registrou explosão com 4 mortos e 18 feridos em Chengdu, China


"Você é o pai de Lai Xiaodong?" perguntou a pessoa que ligou para a casa onde Lai passou sua infância. Seis meses antes, o jovem de 22 anos de idade havia se mudado para Chengdu, no sudoeste da China, para se tornar uma das milhões de peças da engrenagem humana que alimenta o sistema de produção mais rápido e mais sofisticado do planeta.


"Ele está em apuros", a pessoa informou o pai de Lai. "Por favor, venha para o hospital o mais rápido possível."


Na última década, a Apple se tornou uma das mais maiores, mais poderosas e mais bem-sucedidas empresas do mundo, em parte por dominar a arte da fabricação global. A Apple e outras empresas de alta tecnologia - assim como de dezenas de outras indústrias americanas - alcançaram um ritmo de inovação quase sem precedentes na história moderna.


No entanto, os trabalhadores que montam iPhones, iPads e outros dispositivos muitas vezes trabalham em condições adversas, segundo funcionários das fábricas, defensores dos trabalhadores e documentos publicados pelas próprias empresas. Os problemas são tão variados quanto os ambientes de trabalho são onerosos e chegam a ser graves problemas de segurança - por vezes mortais.


Os funcionários trabalham horas extras excessivas, em algumas casos sete dias por semana, e vivem em dormitórios lotados. Alguns dizem que ficam tanto tempo nas fábricas que suas pernas incham até que mal conseguem caminhar. Trabalhadores menores de idade ajudam a construir produtos da Apple e fornecedores da empresa eliminam resíduos perigosos de modo abusivo e falsificam registros, segundo documentos da empresa e grupos de defesa que, dentro de China, são muitas vezes considerados confiáveis monitores independentes.


Mas mais preocupante, segundo esses grupos, é o desrespeito à saúde dos trabalhadores. Há dois anos, 137 trabalhadores de uma fornecedora da Apple no leste da China ficaram feridos depois eles foram obrigados a usar um produto químico venenoso para limpar as telas de iPhones. Em menos de sete meses duas explosões mataram 4 pessoas e feriram 77 em fábricas de iPad no ano passado, incluindo aquela que abalou Chengdu. Antes destas explosões, a Apple havia sido alertada para as condições perigosas no interior da fábrica de Chengdu, segundo um grupo chinês que publicou essa advertência.


"Se a Apple foi avisada e não agiu isso é repreensível", disse Nicholas Ashford, ex-presidente do Comitê Consultivo Nacional sobre Saúde e Segurança Ocupacional, um grupo que orienta o Departamento do Trabalho dos Estados Unidos. "Mas o que é moralmente repugnante em um país é uma prática aceita em outro e as empresas tiram proveito disso."


A Apple não é a única empresa de negócios eletrônicos que faz negócios dentro de um sistema de abastecimento preocupante. Condições de trabalho alarmantes já foram documentados em fábricas fornecedoras de produtos de empresas como Dell, Hewlett-Packard, IBM, Lenovo, Motorola, Nokia, Sony, Toshiba e outros.


Além disso, executivos da Apple afirmam que a empresa fez significativos progressos na melhoria de suas fábricas nos últimos anos. A Apple implementou um código de conduta para os seus fornecedores que questões trabalhistas e de segurança, por exemplo. A empresa realizou uma campanha vigorosa de auditoria e sempre que um abuso é descoberto, segundo a Apple, correções são exigidas.


Mas os problemas permanecem significativos. Mais da metade dos fornecedores da Apple que foram auditados violaram pelo menos um aspecto do código de conduta todos os anos desde 2007, segundo informações da empresa.


"A Apple nunca se preocupou com nada além de aumentar a qualidade de seus produtos enquanto diminui os custos de sua fabricação", disse Li Minggi, que trabalhou até abril na gestão da Foxconn Technology, um dos mais importantes parceiros de fabricação da Apple. Li, que está processando a Foxconn por sua demissão, ajudou a gerenciar a fábrica de Chengdu onde ocorreu a explosão.


A Apple recebeu extensos resumos do presente artigo, mas se recusou a comentar a questão. Esta reportagem tem como base entrevistas realizadas com dezenas de funcionários e ex-funcionários da empresa, incluindo alguns com conhecimento em primeira mão do grupo de responsabilidade pelos fornecedores da Apple, bem como outros dentro da indústria de tecnologia.






O caminho para Chengdu






Lai Xiaodongs sabia que a fábrica da Foxconn em Chengdu era especial. Nela, os trabalhadores fabricavam as mais recentes criações da Apple - possivelmente seu último lançamento: o iPad.


Quando Lai conseguiu um trabalho de reparação de máquinas na fábrica, uma das primeiras coisas que ele percebeu foram as luzes ofuscantes usadas no local. Os turnos rodavam 24 horas por dia e as luzes nunca eram desligadas. Em qualquer momento, havia milhares de trabalhadores nas linhas de montagem, em pé ou sentados em cadeiras sem encosto, agachados ao lado de máquinas de grande porte, ou correndo entre grandes seções de montagem. As pernas de alguns dos trabalhadores inchavam tanto que eles mancavam. "É difícil ficar em pé o dia todo", disse Zhao Sheng, um trabalhador da fábrica.


Pôsteres nas paredes advertiam o 120,000 empregados: "Trabalhe duro no trabalho hoje ou trabalhe duro para encontrar um trabalho amanhã." O código de conduta da Apple dita que, exceto em circunstâncias incomuns, os funcionários não devem trabalhar mais de 60 horas por semana. Mas na Foxconn, alguns trabalhavam mais, de acordo com entrevistas, holerites e pesquisas realizadas por grupos independentes. Lai logo passou a trabalhar 12 horas por dia, seis dias por semana na fábrica, segundo seus holerites. Funcionários que chegavam atrasados muitas vezes eram obrigados a escrever cartas de confissão e copiar citações. Havia "turnos contínuos", quando os trabalhadores eram orientados a permanecer dois turnos seguidos no trabalho, segundo entrevista.


O diploma de Lai lhe permitiu ganhar um salário de cerca de US$ 22 por dia, incluindo horas extra - mais do que muitos outros. Quando seu dia acabava, ele seguia para um quarto grande o suficiente apenas para um guarda-roupa, um colchão e uma mesa.



Memorial construído pela família de Lai Xiaodong em homenagem ao filho, morto em explosão de fábrica da Foxconn


As acomodações eram melhores do que as de muitos dos dormitórios da empresa, onde 70.000 funcionários da Foxconn viviam, muitas vezes 20 pessoas num apartamento de três quartos, segundo os trabalhadores. No ano passado, uma disputa sobre salários desencadeou uma revolta em um dos dormitórios.


Em uma declaração, a Foxconn contestou os relatos dos operários sobre turnos ininterruptos, horas extras estendidas, acomodações lotadas e as causas do motim. A empresa disse que suas operações aderem aos códigos de conduta de seus clientes, bem como aos padrões da indústria e as leis nacionais. "As condições de trabalho nas fábricas Foxconn não são difíceis", a empresa escreveu. A Foxconn também afirmou que nunca foi indiciada pelo governo ou por um de seus clientes por sobrecarregar menores de idade com excesso de trabalho ou expor seus funcionários a substâncias tóxicas.


"Todos os funcionários da linha de montagem têm pausas regulares, incluindo intervalos de uma hora para o almoço", escreveu a empresa, e apenas 5% dos trabalhadores da linha de montagem precisam ficar para concluir suas tarefas. As estações de trabalho foram projetados com padrões ergonômicos e os funcionários têm oportunidades de promoção e rotação de trabalho, afirmou o comunicado.






O código de conduta da Apple






Em 2005, alguns dos principais executivos da Apple se reuniram em sua sede em Cupertino, Califórnia, para uma reunião especial. Outras empresas haviam criado códigos de conduta para orientar o trabalho de seus fornecedores. Já era tempo, a Apple decidiu, de seguir o exemplo. O código que a Apple divulgou naquele ano determina "que as condições de trabalho na cadeia de fornecimento da Apple devem ser seguras, que os trabalhadores devem ser tratados com respeito e dignidade, e que os processos de fabricação devem ser ambientalmente responsáveis."


Mas no ano seguinte, o jornal britânico The Mail on Sunday secretamente visitou uma fábrica da Foxconn em Shenzhen, China, onde eram fabricados iPods, e relatou as longas jornadas de trabalho dos operários, flexões como castigo imposto e dormitórios lotados. Os executivos em Cupertino ficaram chocados.


A Apple realizou uma auditoria na fábrica, a primeira inspeção deste tipo da empresa, e solicitou melhorias. Os executivos também empreenderam uma série de iniciativas que incluíram um relatório anual de auditoria, publicado pela primeira vez em 2007. No ano passado, a Apple inspecionou 396 instalações - incluindo fornecedores diretos e indiretos da empresa - em um dos maiores programas do tipo na indústria eletrônica.


As auditorias têm encontrado diversas violações ao código de conduta da Apple, segundo os relatórios publicados pela empresa. Em 2007, por exemplo, a Apple realizou mais de 50 auditorias e em dois terços delas a empresa descobriu que os operários regularmente trabalharam mais de 60 horas por semana. Além disso, houve seis "violações de núcleo", do tipo mais grave, incluindo a contratação de crianças de 15 anos de idade, bem como a falsificação de registros.


Nos três anos seguintes, a Apple realizou 312 auditorias por ano e cerca de metade ou mais mostraram evidências de um grande número de funcionários trabalhando mais de seis dias por semana, bem como horas extras estendidas. A Apple descobriu 70 violações de núcleo ao longo desse período.


No ano passado, a empresa realizou 229 auditorias. Houve algumas melhorias ligeiras em algumas categorias e a taxa de detecção de violações de núcleo diminui. No entanto, em 93 instalações, pelo menos metade dos trabalhadores excederam as 60 horas por semana estabelecidas como limite. Um número semelhante mostrou que a maioria dos empregados trabalham em média seis dias por semana.


"Se você ver o mesmo padrão de problemas, ano após ano, isso significa que a empresa está ignorando a questão em vez de resolvê-la", disse um ex-executivo da Apple com conhecimento em primeira mão do grupo de responsabilidade pelos fornecedores. "Mas o não cumprimento das regras é tolerado, desde que os fornecedores prometam se esforçar mais da próxima vez. Se significasse mais negócios, as violações de núcleo desapareceriam. "


A Apple diz que quando uma auditoria revela uma violação, a empresa exige que os fornecedores resolvam o problema e dentro de 90 dias para evitar a reincidência. "Se um fornecedor não está disposto a mudar, nós terminamos nosso relacionamento", diz a empresa em seu site.


A gravidade desta ameaça, no entanto, não está clara. A Apple encontrou violações em centenas de auditorias, mas menos de 15 fornecedores foram rescindidos por transgressões desde 2007, segundo ex-executivos da Apple.






A explosão






Na tarde da explosão na fábrica do iPad, Lai Xiaodong telefonou para sua namorada como fazia todos os dias. Eles queriam se ver naquela noite, mas o gerente Lai disse que ele teria que trabalhar horas extras, ele explicou.


Ele havia sido promovido rapidamente na Foxconn e depois de poucos meses estava a cargo de uma equipe que mantinha as máquinas usadas para polir a capa traseira dos iPads.



Pais seguram foto de Lai Xiaodong: família ainda espera por respostas sobre acidente


Na manhã da explosão, Lai foi de bicicleta para o trabalho. O iPad tinha sido colocado à venda apenas algumas semanas antes e os trabalhadores foram informados que milhares de capas precisariam ser polidas todos os dias. A fábrica estava frenética, segundo os operários. Filas e mais filas de máquina poliam as capas enquanto funcionários mascarados apertavam botões. Grandes dutos de aspiração de ar pairavam sobre cada estação de trabalho, mas eles não davam conta das fileiras de máquinas que trabalhavam ininterruptamente. O pó de alumínio podia ser visto em todo lugar.


O pó é um risco de segurança conhecido. Em 2003, uma explosão de pó de alumínio em uma fábrica de pneu em Indiana matou uma pessoa e destruiu o prédio. Em 2008, pó agrícola dentro de uma fábrica de açúcar na Geórgia causou uma explosão que matou 14 pessoas.


Lai estava na segunda hora de seu segundo turno quando o edifício começou a tremer, como se um terremoto estivesse a caminho. Houve uma série de explosões, segundo trabalhadores da fábrica. No final, 18 pessoas ficaram feridas.


No hospital, a namorada de Lai viu que sua pele ficou quase completamente queimada.


Eventualmente, sua família chegou ao hospital. Mais de 90% do seu corpo havia sofrido queimaduras.


Depois que Lai morreu, uma equipe de trabalhadores da Foxconn foi até a sua cidade natal e entregou uma caixa de cinzas a seus pais. Depois, a empresa enviou um cheque de cerca de US$ 150.000.


Em um comunicado, a Foxconn afirmou que no momento da explosão a fábrica de Chengdu estava em conformidade com todas as leis e regulamentos e que "depois de garantir que as famílias dos funcionários mortos haviam recebido todo o apoio necessário, que garantiu que todos os empregados feridos recebessem os cuidados médicos da mais alta qualidade". Após a explosão, a empresa acrescentou, a Foxconn imediatamente suspendeu todo o trabalho nas oficinas de polimento e mais tarde aprimorou a eliminação de ventilação e poeira, e adotou tecnologias para melhorar a segurança dos trabalhadores.


Em seu mais recente relatório de responsabilidade dos fornecedores, a Apple escreveu que depois da explosão a empresa contatou os "principais especialistas em segurança de processos" e montou uma equipe para fazer recomendações para investigar e prevenir futuros acidentes.


Em dezembro, no entanto, sete meses após a explosão que matou Lai, outra fábrica de iPad explodiu, desta vez em Xangai. Mais uma vez, o pó de alumínio foi a causa, de acordo com entrevistas e com o relatório da Apple. Essa explosão deixou 59 trabalhadores feridos, 23 foram hospitalizados.


Em seu mais recente relatório de responsabilidade dos fornecedores a Apple afirmou que embora as duas explosões tenham envolvido o combustível pó de alumínio, as causas das explosões foram diferentes. A empresa se recusou, no entanto, a fornecer detalhes. O relatório acrescentou que a Apple auditou todos os fornecedores de polimento de alumínio e colocou precauções melhores em prática.


Para a família de Lai, as dúvidas permanecem.


"Nós realmente não temos certeza por que ele morreu", disse a mãe de Lai, de pé ao lado de um pequeno santuário que ela construiu para o filho perto de sua casa. "Nós não entendemos o que aconteceu."

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Estudar é obrigação

Estudar é obrigação

Autor: Içami Tiba

O saber é essencial, portanto não se negocia. O filho tem de estudar e ponto. Como vai estudar? Aí cabe a possibilidade de conversar e negociar horários, etc.
A escola é essencial para vida.
Não pode estar sujeita a caprichos infantis.

Em ambientes que o estudo tem valor, a cultura é privilegiada, os pais valorizam o aprendizado, compram livros revistas interessantes e leem jornal, é raro a criança/adolescente não querer estudar...

        O melhor estímulo para aprender é a curiosidade. Pode-se estimular a curiosidade do filho perguntando a ele como funciona um brinquedo, as regras de um jogo de que ele gosta. A criança/adolescente gosta de demonstrar conhecimentos, bem como de exibir suas habilidades manuais.

(...)
                Se a mãe e o pai querem que os filhos saiam bem na escola, é essencial que estimulem a criança e o adolescente a tirar proveito do estudo na lição de casa.
Uma dica importante é não estimular a decoreba, a indigestão do aprendizado, em que o aluno apenas repete a matéria sem refletir sobre seu conteúdo. Com isso, ele não sabe usar a informação em outros contextos, pois não absorveu como conhecimento.

                Em vez de estabelecer horários para criança/adolescente estudar ou de controlar seu estudo, insisto em que os pais devem pedir a ela/ele que lhes dê uma aula sobre o
que estudou com as próprias palavras. Se tiver aprendido mesmo, ela /ele saberá transmitir seus conhecimentos.

Em geral, as escolas dão tarefas de casa que a criança/ adolescente pode fazer sozinha/o.
Quem sabe fazer aprendeu fazendo.

Se o filho sabe estudar, aprendeu estudando.
Ninguém pode estudar por ele.

(...)
Nas tarefas escolares,
ajudar não significa fazer pelo filho.
Quem tem de fazer é a própria/criança/adolescente.
                Ela/ele tem dificuldade de pintar? Não importa. A pintura ficou feia? Deixe seu filho levar um trabalho ruim para escola. É desse ponto que começa a melhora, pois a prática também ensina. A melhora é um excelente estimulo para progredir. E o que ele fez serve de base para dar o passo seguinte.


Texto adaptado: livro “QUEM AMA ESDUCA” – Editora Gente, são Paulo, 2002


Affinia Automotiva conquista prêmio DuP





A Affinia Automotiva, empresa especializada na fabricação e distribuição de autopeças para o mercado de reposição, conquistou o prêmio DuPont de Segurança e Saúde do Trabalhador na categoria Proteção Química.

A premiação, que está em sua primeira edição e conta com as categorias Gestão de Segurança e Saúde do Trabalhador (SST), Proteção Química, Proteção Térmica e Proteção Contra Corte e Abrasão, tem o objetivo de estimular as discussões em torno de práticas seguras no ambiente de trabalho.

“A Affinia Automotiva segue todos os requisitos exigidos pela certificação OHSAS 18001, um referencial na área de sistema de gestão em segurança, higiene e saúde no trabalho. Essas normas permitem gerir os riscos operacionais e melhorar constantemente a eficácia das operações internas, bem como a qualidade do ambiente de trabalho”, afirma Frank Yoshida, coordenador de gestão da qualidade da companhia.

Segundo Yoshida, o monitoramento dos processos, realizado anualmente pelo órgão certificador ABS – Agência Brasil de Segurança, e a cada três anos pela Corporação Affinia e o envolvimento e desempenho de todos os colaboradores resultam na melhoria contínua da gestão. “A premiação da DuPont reforça nosso compromisso com o bem-estar e saúde de nossos colaboradores”, enfatizou.

Preocupada com a questão da segurança e saúde no trabalho, recentemente, a Affinia Automotiva substituiu o macacão Tyvek, utilizado na limpeza do tanque onde é realizado o tratamento superficial de componentes, para o Tyquem QC 15700, modelo que conta com uma segunda camada de polietileno e garante mais segurança ao usuário. “O novo macacão da DuPont, fornecido pela Protcap, é mais resistente, fator fundamental num processo feito com produto químico agressivo”, explicou o coordenador de gestão da qualidade da Affinia Automotiva.

O case da Affinia Automotiva foi apresentado pelo técnico de Segurança do Trabalho – SGI, Agnaldo Cerqueira de Oliveira, que ganhou uma visita no congresso e feira de segurança do National Safety Council, em Orlando, Flórida, que acontecerá em 2012, com passagem aérea, hospedagem, ajuda de custo de US$ 1.500,00 e direito a acompanhante. Na ocasião, também vai visitar a matriz da DuPont, localizada em Wilmington (Delaware, Estados Unidos), para conhecer as práticas de segurança da empresa. A Affinia Automotiva recebeu uma placa e um diploma em menção à conquista.
A premiação recebeu 130 inscrições dos mais variados segmentos industriais, avaliados por comitê técnico, composto por especialistas do setor de prevenção de acidentes e doenças do trabalho e organizado pela ABS que analisou a contribuição do projeto nas atividades das empresas, os benefícios para os funcionários e a qualidade técnica do material desenvolvido.

“O prêmio é uma forma de reconhecer e disseminar as práticas de sucesso das empresas, estimulando a colaboração na indústria de Segurança, Saúde e Trabalho. Afinal, boas práticas são essenciais para criar um ambiente mais seguro”, ressalta Allan Burt, diretor da Divisão de Tecnologias de Proteção para a DuPont América Latina.

De acordo com a DuPont, a Affinia Automotiva e as primeiras posições de cada categoria conquistaram a premiação devido à excelência nos projetos de segurança implementados. As inscrições para a segunda edição do Prêmio DuPont de Segurança e Saúde do Trabalhador serão abertas em março de 2012