Nos últimos anos, o governo
brasileiro anunciou diversas mudanças que deveriam garantir mais direitos e
conquistas aos trabalhadores. Mesmo assim, no mesmo período, várias categorias
de empregados paralisaram atividades em repúdio às condições oferecidas em seu
dia a dia. A divergência entre o garantido por lei e o exigido pela maioria da
população demonstra um país que avança economicamente e se consolida como
potência internacional, mas ainda conta com problemas seculares que atingem
milhões de trabalhadores sem acesso às premissas básicas da lei.
“Nada vem de graça, todas as
conquistas significaram muita dedicação e esforço dos trabalhadores. E mesmo
assim alguns desses benefícios não são garantidos por todas as empresas, como é
o caso da licença maternidade por seis meses”, cita a presidente da Central
Única dos Trabalhadores do Pará, Miriam Andrade.
Para ela, na comemoração de mais
um Dia do Trabalho, ainda há muito o que fazer para valorizar a classe mais
significativa no país. “Nossas lutas se baseiam em postos essenciais, como a
redução da jornada de trabalho para 40h, a regulamentação do direito à
negociação coletiva no serviço público, a garantia do trabalho decente, o fim
do trabalho escravo, do assédio moral, da violência no campo, e,
principalmente, a valorização contínua do salário mínimo. É preciso que o
cidadão tenha todos esses direitos garantidos por lei para que não haja perdas
em possíveis mudanças de governo”, explicou.
Para as centrais sindicais, a
expectativa é que a data de hoje deva, portanto, ser encarada como um momento
de reflexão sobre o seu significado e sobre as melhorias que devemos estabelecer
a todos os trabalhadores brasileiros. “Daremos continuidade aos nossos
trabalhos de capacitação, treinamento e formação de nossos membros para
conscientizá-los dessas questões, mostrar que precisamos eleger representantes
políticos que lutem pelas nossas causas. E amanhã teremos um público, junto a
diversas entidades sindicais, na Praça da República, pela manhã”, avisou.
INVESTIMENTOS
Ontem, um dia antes do feriado,
diferentes trabalhadores encaravam o cenário atual com a sensação de que as
oportunidades aumentaram, mas ainda não chegam a todos da população.
Laércio Gomes tem apenas 18 anos,
mas há pelo menos quatro já trabalha. A carteira de trabalho, contudo, nunca
foi assinada. “Sem estudo e experiência, é difícil arranjar um bom emprego e às
vezes vale mais a pena trabalhar informalmente, porque só depende de nós o
rendimento”, opina o vendedor ambulante de lanches.
O lucro supostamente mais fácil
não significa tranquilidade. “O problema é que de repente podemos perder toda a
mercadoria se chegar a fiscalização. E temos que começar tudo de novo”,
complementa.
Por isso, o sonho do jovem é
mesclar a legalidade profissional com o trabalho autônomo. “Quero investir no
serviço de frete de veículos, porque é uma área que paga bem”, disse.
Para o taxista Fabrício da Silva,
as restrições para ser um trabalhador regular ainda são um dos maiores
empecilhos da categoria. “Existem muitas proibições, como não poder circular em
Ananindeua, estacionamentos limitados, e além de cumprir as normas, somos
obrigados a concorrer com outros motoristas clandestinos, que nem impostos
pagam”, comenta.
A fim de sustentar os dois filhos
e a esposa, que recebe um salário mínimo por mês, Fabrício faz turnos de 12
horas por dia. “É o tempo que preciso para recolher dinheiro suficiente para
sobreviver”, explica.
No Dia do Trabalho, o seu desejo
é que os governantes invistam mais em estrutura e deem condições dignas a toda
a população. Algo semelhante com o que espera a gari Telma Joana. Mãe de duas
filhas, ela sonha com mais educação e saúde no país. “Acho que o mercado já
melhorou muito em relação ao que era antes, mas se a qualificação chegasse a
todos, teríamos uma situação ainda mais justa”, conclui.
Pará comemora aumento do emprego
No Pará, o mercado de trabalho
tem registrado crescimento recorde na criação de vagas. Os melhores índices nos
últimos dozes meses vieram dos setores de serviços, comércio, construção civil
e mineral. Segundo o Observatório do Emprego, uma parceria da Secretaria de
Estado de Trabalho e Renda (Seter) com o Departamento Intersindical de
Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese/PA), de abril de 2011 a março de
2012, foram feitas no setor de serviços 104.991 admissões contra 87.857
desligamentos, gerando um saldo positivo de 17.134 postos de trabalho. Já a
mineração foi responsável por 4.301 admissões contra 2.086 desligamentos,
garantindo 2.215 novas vagas. O mapa completo do emprego no Estado será
divulgado na próxima quinta-feira (03) pelo governo estadual.
Em celebração à data de hoje, a
Secretaria de Estado de Trabalho Emprego e Renda (Seter) realiza às 9h uma aula
inaugural para quase 3 mil alunos dos cursos de qualificação que serão
ministrados na Região Metropolitana de Belém.
Os cursos vão atender demandas de
mercado, profissionalizando pessoas nos setores de serviços, construção civil,
metal mecânico, alimentação, administração, comércio, vestuário, transportes,
turismo e hospitalidades.
Quem se interessar, deve se
inscrever na Diretoria de Qualificação Profissional da Seter, na avenida Assis
de Vasconcelos, número 392.
HISTÓRIA
Em 1886, nos Estados Unidos, os
trabalhadores paralisaram suas atividades para lutar pela jornada de oito
horas. Eles reivindicavam uma divisão diária do seguinte modo: oito horas para
o trabalho, oito horas para lazer e descanso e oito horas para o sono. Houve
uma repressão intensa e quatro desses trabalhadores foram condenados à morte e
à prisão perpétua. Alguns anos depois, um congresso socialista dos
trabalhadores resolveu conferir ao 1° de maio um caráter universal de luta dos
trabalhadores. Data que é celebrada até hoje em diversos países.
SAÚDE DO TRABALHADOR
O Centro de Referência Estadual
em Saúde do Trabalhador ligado à Sespa oferece atendimento multiprofissional a
trabalhadores, pelo SUS, na avenida Assis de Vasconcelos, 583, no bairro da
Campina. O telefone do centro é o 4006-0065 (Diário do Pará)
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