terça-feira, 1 de maio de 2012

Trabalhadores: direitos além do papel





Nos últimos anos, o governo brasileiro anunciou diversas mudanças que deveriam garantir mais direitos e conquistas aos trabalhadores. Mesmo assim, no mesmo período, várias categorias de empregados paralisaram atividades em repúdio às condições oferecidas em seu dia a dia. A divergência entre o garantido por lei e o exigido pela maioria da população demonstra um país que avança economicamente e se consolida como potência internacional, mas ainda conta com problemas seculares que atingem milhões de trabalhadores sem acesso às premissas básicas da lei.

“Nada vem de graça, todas as conquistas significaram muita dedicação e esforço dos trabalhadores. E mesmo assim alguns desses benefícios não são garantidos por todas as empresas, como é o caso da licença maternidade por seis meses”, cita a presidente da Central Única dos Trabalhadores do Pará, Miriam Andrade.

Para ela, na comemoração de mais um Dia do Trabalho, ainda há muito o que fazer para valorizar a classe mais significativa no país. “Nossas lutas se baseiam em postos essenciais, como a redução da jornada de trabalho para 40h, a regulamentação do direito à negociação coletiva no serviço público, a garantia do trabalho decente, o fim do trabalho escravo, do assédio moral, da violência no campo, e, principalmente, a valorização contínua do salário mínimo. É preciso que o cidadão tenha todos esses direitos garantidos por lei para que não haja perdas em possíveis mudanças de governo”, explicou.

Para as centrais sindicais, a expectativa é que a data de hoje deva, portanto, ser encarada como um momento de reflexão sobre o seu significado e sobre as melhorias que devemos estabelecer a todos os trabalhadores brasileiros. “Daremos continuidade aos nossos trabalhos de capacitação, treinamento e formação de nossos membros para conscientizá-los dessas questões, mostrar que precisamos eleger representantes políticos que lutem pelas nossas causas. E amanhã teremos um público, junto a diversas entidades sindicais, na Praça da República, pela manhã”, avisou.

INVESTIMENTOS

Ontem, um dia antes do feriado, diferentes trabalhadores encaravam o cenário atual com a sensação de que as oportunidades aumentaram, mas ainda não chegam a todos da população.

Laércio Gomes tem apenas 18 anos, mas há pelo menos quatro já trabalha. A carteira de trabalho, contudo, nunca foi assinada. “Sem estudo e experiência, é difícil arranjar um bom emprego e às vezes vale mais a pena trabalhar informalmente, porque só depende de nós o rendimento”, opina o vendedor ambulante de lanches.

O lucro supostamente mais fácil não significa tranquilidade. “O problema é que de repente podemos perder toda a mercadoria se chegar a fiscalização. E temos que começar tudo de novo”, complementa.

Por isso, o sonho do jovem é mesclar a legalidade profissional com o trabalho autônomo. “Quero investir no serviço de frete de veículos, porque é uma área que paga bem”, disse.

Para o taxista Fabrício da Silva, as restrições para ser um trabalhador regular ainda são um dos maiores empecilhos da categoria. “Existem muitas proibições, como não poder circular em Ananindeua, estacionamentos limitados, e além de cumprir as normas, somos obrigados a concorrer com outros motoristas clandestinos, que nem impostos pagam”, comenta.

A fim de sustentar os dois filhos e a esposa, que recebe um salário mínimo por mês, Fabrício faz turnos de 12 horas por dia. “É o tempo que preciso para recolher dinheiro suficiente para sobreviver”, explica.

No Dia do Trabalho, o seu desejo é que os governantes invistam mais em estrutura e deem condições dignas a toda a população. Algo semelhante com o que espera a gari Telma Joana. Mãe de duas filhas, ela sonha com mais educação e saúde no país. “Acho que o mercado já melhorou muito em relação ao que era antes, mas se a qualificação chegasse a todos, teríamos uma situação ainda mais justa”, conclui.

Pará comemora aumento do emprego

No Pará, o mercado de trabalho tem registrado crescimento recorde na criação de vagas. Os melhores índices nos últimos dozes meses vieram dos setores de serviços, comércio, construção civil e mineral. Segundo o Observatório do Emprego, uma parceria da Secretaria de Estado de Trabalho e Renda (Seter) com o Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese/PA), de abril de 2011 a março de 2012, foram feitas no setor de serviços 104.991 admissões contra 87.857 desligamentos, gerando um saldo positivo de 17.134 postos de trabalho. Já a mineração foi responsável por 4.301 admissões contra 2.086 desligamentos, garantindo 2.215 novas vagas. O mapa completo do emprego no Estado será divulgado na próxima quinta-feira (03) pelo governo estadual.

Em celebração à data de hoje, a Secretaria de Estado de Trabalho Emprego e Renda (Seter) realiza às 9h uma aula inaugural para quase 3 mil alunos dos cursos de qualificação que serão ministrados na Região Metropolitana de Belém.

Os cursos vão atender demandas de mercado, profissionalizando pessoas nos setores de serviços, construção civil, metal mecânico, alimentação, administração, comércio, vestuário, transportes, turismo e hospitalidades.

Quem se interessar, deve se inscrever na Diretoria de Qualificação Profissional da Seter, na avenida Assis de Vasconcelos, número 392.

HISTÓRIA

Em 1886, nos Estados Unidos, os trabalhadores paralisaram suas atividades para lutar pela jornada de oito horas. Eles reivindicavam uma divisão diária do seguinte modo: oito horas para o trabalho, oito horas para lazer e descanso e oito horas para o sono. Houve uma repressão intensa e quatro desses trabalhadores foram condenados à morte e à prisão perpétua. Alguns anos depois, um congresso socialista dos trabalhadores resolveu conferir ao 1° de maio um caráter universal de luta dos trabalhadores. Data que é celebrada até hoje em diversos países.

SAÚDE DO TRABALHADOR

O Centro de Referência Estadual em Saúde do Trabalhador ligado à Sespa oferece atendimento multiprofissional a trabalhadores, pelo SUS, na avenida Assis de Vasconcelos, 583, no bairro da Campina. O telefone do centro é o 4006-0065 (Diário do Pará)

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